Peguei o primeiro da lista que eu tinha feito há uns dias - Baririense na Austrália - meio que por acaso, e li os últimos posts. Esse blog é do José Eduardo e da Emili (que "roubou" o meu apelido Mi), também brasileiros aqui na Austrália.
Só de ler 3 posts deles já me ocorreram várias coisas - a mais importante de todas sendo o fato de, em algum ponto, deixei de prestar muita atenção nos detalhes que fazem o Brasil diferente de outros lugares. Eles, por exemplo, comentaram a diferença das placas de carro, daqui com as do Brasil diferenças como a fórmula 1 passa na TV daqui e de lá, e até coisas BEM mais óbvias como um parque gigantesco praticamente no centro de uma das 2 maiores cidades do país (que não só não é comum no Brasil, mas se estivesse no centro de SP já estaria pichado e destruído, sem uma flor inteira). Mas essas diferenças, que eles notaram e que com certeza são interessantes para o pessoal de lá, eu (quase) não noto mais. E quando noto, esqueço de dar importância, anotar, comentar. Fiquei um pouco triste com essa conclusão, e pensativa.
Vegemite, a "margarina" dos Australianos. É extrato de levedura (fermento) e para quem não cresceu acostumado a comer, a cor é feia e o gosto é pior ainda. |
Isso que eles comentaram de termos aqui um parque ENORME no meio da cidade, me fez lembrar de onde vim, e do quanto um matinho qualquer era super especial, pois não tínhamos quase nada de áreas verdes. Perto de onde eu morava, de verde só havia mesmo "o matão", ou "o mato de São Leopoldo" (foto acima), conhecido officialmente como "Horto Florestal". O matão é na realidade um matagal (ok, tem árvores, mas a área não é tão grande assim) atravessado por uma estrada, ligando Sapucaia do Sul e São Leopoldo. Não sei a quilometragem, mas leva uns 5-7 minutos de carro para atravessá-lo. Para nós parecia uma floresta... Lembro da sensação de estar "em contato com a natureza" quando passava de carro ou ônibus por ali, e de como era especial. O cheirinho bom e puro de mato fresco... a gente baixava a janela do carro para aproveitar e respirar fundo!
A "floresta encantada" (AKA o mato de eucaliptos) da Liberato, em Novo Hamburgo, era outro exemplo de uma meia-dúzia de árvores que transformava-se em algo grandioso e especial, na falta de um pouco de "mato de verdade" à volta.
Lembro-me do espanto imenso que tive aos - o quê, 13, 14 anos? - quando fui para a serra gaúcha pela primeira vez, e vi o tanto de natureza que tinha ali. Na minha cabeça, o estado do RS inteiro era quase que todo coberto de cidades, com excessão de umas poucas áreas rurais que seriam "o interior". Eu jamais imaginaria a quantidade de espaços vazios. com uma casinha aqui e outra láááááá a 5 km de distância - e mais árvores e ar puro que eu jamais imaginaria.
Não faço a minima idéia do que estou tentando dizer... (quando estou cansada não digo mais coisa com coisa). Só lembro da emoção que foi ter ido para "uma floresta de verdade" na Califórnia, pela primeira vez... (e terceira, quarta... de certa forma, até hoje me emociono!) Parte de mim achava que florestas de verdade eram coisas de contos de fadas, então me senti a própria Chapeuzinho Vermelho quando me encontrei em Big Bear. Não parecia real.
Mas, de alguma forma, mesmo tendo estado em cem florestas (de verdade!) enormes e espalhadas por 3 continentes, a memória familiar do "matão" e da "floresta de eucaliptos" me será sempre muito especial.