terça-feira, 9 de outubro de 2012

Não gosto de falar sozinha

Já que hoje estou achando que escrever aqui é o mesmo que falar sozinha (e portanto, muito chato), resolvi ir ler o blog dos outros.

Peguei o primeiro da lista que eu tinha feito há uns dias - Baririense na Austrália - meio que por acaso, e li os últimos posts. Esse blog é do José Eduardo e da Emili (que "roubou" o meu apelido Mi), também brasileiros aqui na Austrália.
 
Só de ler 3 posts deles já me ocorreram várias coisas - a mais importante de todas sendo o fato de, em algum ponto, deixei de prestar muita atenção nos detalhes que fazem o Brasil diferente de outros lugares. Eles, por exemplo, comentaram a diferença das placas de carro, daqui com as do Brasil diferenças como a fórmula 1 passa na TV daqui e de lá, e até coisas BEM mais óbvias como um parque gigantesco praticamente no centro de uma das 2 maiores cidades do país (que não só não é comum no Brasil, mas se estivesse no centro de SP já estaria pichado e destruído, sem uma flor inteira). Mas essas diferenças, que eles notaram e que com certeza são interessantes para o pessoal de lá, eu (quase) não noto mais. E quando noto, esqueço de dar importância, anotar, comentar. Fiquei um pouco triste com essa conclusão, e pensativa.

Vegemite, a "margarina" dos Australianos. É extrato de levedura (fermento) e para quem não cresceu acostumado a comer, a cor é feia e o gosto é pior ainda.
Já me mudei tantas vezes, morei em tantos lugares, que variedade (o quanto as coisas são diferentes de um lugar para o outro) deixou de ser a "variedade" e passou a ser o "lugar comum". Eu passei a esperar não ter mais nada de muito familiar à minha volta - e aí um dia o exótico vira o novo "familiar", a gente deixa de prestar atenção. Mas são essas pequenas coisas um dos grandes deleites de se morar longe de casa. Vou tentar manter os olhos mais abertos.



Isso que eles comentaram de termos aqui um parque ENORME no meio da cidade, me fez lembrar de onde vim, e do quanto um matinho qualquer era super especial, pois não tínhamos quase nada de áreas verdes. Perto de onde eu morava, de verde só havia mesmo "o matão", ou "o mato de São Leopoldo" (foto acima), conhecido officialmente como "Horto Florestal". O matão é na realidade um matagal (ok, tem árvores, mas a área não é tão grande assim) atravessado por uma estrada, ligando Sapucaia do Sul e São Leopoldo. Não sei a quilometragem, mas leva uns 5-7 minutos de carro para atravessá-lo. Para nós parecia uma floresta... Lembro da sensação de estar "em contato com a natureza" quando passava de carro ou ônibus por ali, e de como era especial. O cheirinho bom e puro de mato fresco... a gente baixava a janela do carro para aproveitar e respirar fundo!

A "floresta encantada" (AKA o mato de eucaliptos) da Liberato, em Novo Hamburgo, era outro exemplo de uma meia-dúzia de árvores que transformava-se em algo grandioso e especial, na falta de um pouco de "mato de verdade" à volta.

Lembro-me do espanto imenso que tive aos - o quê, 13, 14 anos? - quando fui para a serra gaúcha pela primeira vez, e vi o tanto de natureza que tinha ali. Na minha cabeça, o estado do RS inteiro era quase que todo coberto de cidades, com excessão de umas poucas áreas rurais que seriam "o interior". Eu jamais imaginaria a quantidade de espaços vazios. com uma casinha aqui e outra láááááá a 5 km de distância - e mais árvores e ar puro que eu jamais imaginaria.

Não faço a minima idéia do que estou tentando dizer... (quando estou cansada não digo mais coisa com coisa). Só lembro da emoção que foi ter ido para "uma floresta de verdade" na Califórnia, pela primeira vez... (e terceira, quarta... de certa forma, até hoje me emociono!) Parte de mim achava que florestas de verdade eram coisas de contos de fadas, então me senti a própria Chapeuzinho Vermelho quando me encontrei em Big Bear. Não parecia real.

Mas, de alguma forma, mesmo tendo estado em cem florestas (de verdade!) enormes e espalhadas por 3 continentes, a memória familiar do "matão" e da "floresta de eucaliptos" me será sempre muito especial.


E agora, vou escrever o quê?

Nunca fui de escrever blogs. Como blogueira, a única "vantagem" que tenho a contar são 2 contas no LiveJournal que não toco há uns 2, 3 anos - e mesmo quando as criei mal as tocava. Coisas como Facebook e Orkut são fantásticas para retomar o contato com velhos amigos e conhecidos, mas nunca fui muito de postar, colocar fotos, ficar falando da própria vida.

Parte do problema é que acho que ninguém vai ler mesmo, aí me sinto "falando com as paredes". E parte é falta de hábito. Sobre o que se fala em um blog pessoal?...

O que eu jantei ontem, meu último pensamento "brilhante", que cor de sapato estou usando? Prrrrrrr.

Que livros estou lendo? Isso sim, mas vou fazer um blog diferente só para isso...

Como é a vida de uma brasileira na Austrália? Talvez. Mas não sei se haverá muito o que contar. Minha vida aqui é como a de qualquer outra pessoa.

(Devo estar com um humor estranho hoje...)

 Também quero criar um blog (um terceiro!) com recomendações de fan fiction. Mas por mais que as leia - ou melhor, as devore esfomeada e consistentemente - não sei quanto tempo vou querer dedicar a fazer reviews de cada uma.

Já que hoje só estou escrevendo merda, melhor passar o restinho do meu tempo livre fazendo o que faço melhor: ler.


domingo, 30 de setembro de 2012

Para começar...

Quem sou eu?

(Na falta de mais o que dizer para um primeiro post, não custa repetir, né?)

Gaúcha perdida no mundo... já vivi nos EUA, agora estou em Sydney.
Não piso no Brasil há anos e morro de saudades... às vezes.
Casada com um americano, mudamo-nos com frequência, que nem folhas soltas no vento, sem saber onde estaremos amanhã.
Sou a típica garota quieta que é sempre subestimada e acaba surpreendendo.
Falo pouco e penso bastante.
Sinto mais ainda.
Olho para dentro, e esqueço de ver o que está na frente do meu nariz.
Gosto de letrinhas, mas também me divirto com números.
Meus gostos são um tanto ecléticos e um tanto infantis.
Amo ficção de tudo quanto é tipo; já a "vida real" nunca me atraiu muito.
Criativa, mas adoro rotina.
Meio à moda antiga (só não sei de que época), moderna de um jeito só meu.
Romântica, idealista, ao mesmo tempo anti-social e levemente estranha.
Já passei dos 30, de várias formas sinto que ainda tenho uns 15, e de outras já cheguei pelo menos aos 60.
Amo meus amigos mais que tudo, mesmo não os vendo por muito tempo. (Os imaginários também.)